SUSTENTABILIDADE: CAMINHOS E DESAFIOS NA MENSURAÇÃO
O tema sustentabilidade está em todos os cantos. Nas casas, nas universidades, nos noticiários e cada vez mais dentro das empresas.
Isso porque, estudos mostram que organizações que adotam práticas sustentáveis são mais resilientes e possuem melhor reputação com seus clientes e parceiros.
Mas o que é ser sustentável?
Essa resposta tem sido explorada desde 1972 nas Conferências da ONU sobre o Meio Ambiente.
Mas foi em 1987 que surgiu uma das melhores definições:
Mas como fazer isso num mundo corporativo famoso por focar no desempenho financeiro?
Em 2004 a publicação Who Cares Wins do Pacto Global da ONU trouxe exatamente essa provocação.
Daí surgiu o termo ESG ou ASG – de meio ambiente, social e governança – que colocou um grande holofote na sustentabilidade empresarial.
Contudo, apesar de estarmos mais atentos com os nossos impactos na sociedade e no planeta, ainda temos muitos desafios tanto na adoção e consolidação quanto na identificação dessas práticas realmente sustentáveis.
O Greenwashing que o diga.
Você sabe o que é?
Em uma tradução livre, Greenwashing é pintar de verde tudo o que quisermos disfarçar de sustentável.
Por exemplo, os discursos ou práticas, iludindo assim aqueles que estão ávidos por mais responsabilidade social e ambiental.
E é aí que entra a importância de mecanismos de mensuração que consigam validar o que é ser sustentável.
Eles são essenciais na criação de políticas mais estruturadas que possam embasar os famosos relatórios de sustentabilidade para que, enfim, eles reflitam ações reais e não informações pintadas de verde.
Para isso, cada corporação deve conhecer a fundo os impactos tanto negativos quanto positivos de sua atividade.
E como cada segmento possui características próprias, não existem indicadores e métricas padrões que sirvam para todas as corporações.
Mesmo sem uma cartilha para nos ajudar a criar essas métricas, podemos nos guiar e nos inspirar em índices, relatórios e frameworks.
Vamos conhecer alguns deles?
Índices do mercado financeiro
O mercado de ações olha para o tema desde 1999 quando surgiu o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DSJI) na bolsa de valores de Nova York. Ele reúne ações de companhias do mundo todo que consideram métricas como retorno ambiental, social e de governança.
Em 2005 a B3 (bolsa de valores brasileira) em parceria com a FGVCes criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) que é pioneiro na América Latina e o quarto no mundo. Ele também é composto por uma carteira de ações de companhias comprometidas com a sustentabilidade.
Mais pra frente a B3 criou ainda:
- Índice Carbono Eficiente (ICO B3) que atrela a economia de baixo carbono,
- Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT B3) que trata de padrões diferenciados de governança corporativa,
- IGPTW que incorpora empresas que fazem parte do ranking das melhores para se trabalhar.
Para fazer parte dessas carteiras as empresas passam por um processo seletivo que analisa não somente o desempenho econômico, mas também ambiental, social e de governança corporativa.
Além disso, a seleção considera se as empresas possuem politicas atreladas a Agenda 2030 e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Com isso, esses índices ajudam os investidores na tomada de decisão e também estimulam as empresas na adoção de melhores práticas em sustentabilidade.
Relatórios, métricas e indicadores
Agora vamos conhecer os principais frameworks globais utilizados na tentativa de padronizar os índices e relatórios.
- GRI – Global Reporting Initiative é utilizado como critério de entrada na ISE B3. Ajuda a apresentar o status dos impactos econômicos, sociais e ambientais.
- CDSB – Climate Disclosure Standards Board ajuda na criação de reportes ambientais.
- CDP – Carbon Disclosure Project analisa riscos, oportunidades e impactos ambientais e cria uma espécie de Oscar em transparência. Isso após coletar dados de performance, especialmente em mudanças climáticas, água, florestas e cadeia de suprimentos.
- IIRC – Conselho Internacional para Relato Integrado utiliza os princípios de pensamento integrado para analisar as interações entre os fatores considerando também a influência do ambiente externo.
- SASB são padrões que identificam as questões ESG mais relevantes para o desempenho financeiro em 77 setores.
Da união dessas 5 instituições surgiu o The Five Framework and Standard-setting Institutions que associa dados financeiros às informações relacionadas ao ESG.
Outros exemplos são:
- Toward Common Metrics and Consistent Reporting of Sustainable Value Creation que é um conjunto de métricas em ESG que torna as práticas e os relatórios de sustentabilidade mais fáceis, comparáveis e consistentes. É fruto do encontro entre Deloitte, EY, KPMG, PwC e as 120 maiores empresas do mundo no Fórum Econômico Mundial.
- ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é parte da Agenda 2030 da ONU e contempla 230 metas que visam alcançar 17 objetivos sociais, econômicos e ambientais até 2030.
Poderíamos ir longe citando ainda:
- The Climate, Community & Biodiversity Alliance (CCBA)
- Task Force on Climate-related Disclosures (TCFD)
- Science Based Targets (SBTi).
Mas são tantas metodologias e ferramentas que vamos parar por aqui para não gerar confusão.
Por fim, independente da forma de mensuração seu negócio se encaixa, os passos rumo às práticas mais sustentáveis não podem deixar de considerar que:
- Sustentabilidade deve fazer parte da cultura da empresa. É um desperdício ser ações pontuais e centralizadas em poucas áreas.
- Como qualquer valor, as lideranças são as principais multiplicadoras.
- A cooperação de todos os stakeholders é a chave para o sucesso da consolidação de políticas de sustentabilidade.
Temos uma importante caminhada rumo a um desenvolvimento sustentável.
Mas vale lembrar que o mais importante é alinhar as nossas falas com os nossos passos.
É o famoso walk the talk.
Boa jornada!
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