INOVAÇÃO: VAMOS CONVERSAR SOBRE?
DEFINIÇÃO DE INOVAÇÃO
O tema Inovação nos últimos anos ganhou muita popularidade, seja na mídia em geral, seja nas discussões entre os indivíduos, empresas, governos e redes sociais. Essas discussões podem ser baseadas em percepções, conhecimento convencional e conhecimento técnico-científico, gerando assim, uma diversidade de interpretações.
É importante lembrar que inovação é diferente de invenção, Pinheiro e Alt (2011) ressaltam que o termo “inovação” vem do latim innovare que significa “alterar a forma de algo estabelecido para criar algo novo”. Enquanto “invenção” vem do latim invenire, que significa “por vir”, ou seja, algo novo que não existia anteriormente. Concluindo assim que, inovar é transformar ideias em valor, enquanto inventar é gerar algo novo, investindo em ideias.
Pinheiro e Alt (2011) também definem a inovação como:
A inovação está onde há valor percebido pelas pessoas.
Myers e Marquis (1969) definem inovação como:
Inovação não é uma ação única, mas um processo total de subprocessos inter-relacionados. Não é apenas a concepção de uma nova ideia, nem a invenção de um novo dispositivo, nem o desenvolvimento de um novo mercado. O processo é tudo isso, agindo de forma integrada.
Inventta (s.d) anota que:
Inovação é a exploração, com sucesso, de novas ideias.
E por fim, mais uma definição inspirada em Schumpeter:
Inovação é a realização de novas combinações de recursos – materiais, humanos, organizacionais e de conhecimento. Empreendido por empresas com o objetivo de criar novos produtos e/ou processos, novos modelos de negócio e novas formas de organização, a fim de gerar valor econômico adicional, apropriável por agentes privados ou pela sociedade.
Agora que entendemos que inovação envolve diversas interpretações que variam em função do autor, do ator social, do ambiente, do momento e demais outras circunstâncias, podemos concluir que o conceito inovação é por si só um conceito inacabado, diverso e versátil, podendo aceitar diferentes interpretações e diversas abordagens.
POR QUE INOVAR?
Charles Darwin em sua famosa teoria sobre a evolução diz que a sobrevivência depende da capacidade de mudar. As espécies que não se adaptam a um ambiente em transformação acabam morrendo, e podemos fazer essa mesma analogia para a realidade das empresas.
Por que as empresas buscam a inovação? Marx em seu famoso livro O Capital (cap. 10), diz que o capitalista vai buscar o aperfeiçoamento do modo de produção a fim de apropriar-se de uma maior parte da jornada de trabalho para obter a mais-valia extraordinária (lucro), esse aperfeiçoamento dá uma vantagem a esse capitalista em relação aos demais capitalistas. Pelo menos até esse novo modo de produção aperfeiçoado se universalize, ou seja, essa vantagem é temporária, dura até que a concorrência surja.
Por essa razão, a concorrência entre as empresas, o livre mercado e a acumulação de capital favorecem o ambiente de inovação, dessa forma, a inovação precisa ser contínua.
Inovar é essencial para sobreviver e também para gerar lucro. Existem muitas maneiras pelas quais a inovação pode melhorar a produtividade de uma empresa e criar proteções contra a concorrência: desde a melhoria dos processos já existentes, a criação de algo difícil e custoso de ser imitado pelos concorrência e a abertura de novos mercados.
Por fim, dentre as maneiras que a inovação pode melhorar a produtividade de uma empresa, destaco que a melhoria dos processos já existentes pode ser realizada utilizando os conceitos de lean manufacturing de eliminação de desperdícios, buscando agregar valor nas atividades core do negócio, e claro, na estabilização de processos.
Dessa forma, os times ganham autonomia para executar suas atividades e os líderes, que não precisam mais ficar apagando incêndios, conseguem pensar em novas melhorias, estratégias de crescimento e inovação e a empresa que, com processos estáveis reduz suas perdas e aumenta sua produtividade, consegue enfim desenvolver processos e produtos mais inovadores e sair à frente da concorrência.
TIPOS DE INOVAÇÃO
Em 1990 foi editada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a primeira edição do Manual de Oslo – Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica, que tem o objetivo de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países industrializados.
A primeira edição no Brasil foi produzida e divulgada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) em 2005 e a quarta edição, a mais recente, foi lançada em 2018 apenas atualizando alguns conceitos.
O Manual divide a inovação em quatro áreas: produto (tomei a liberdade de dividir produto e serviço), processo, marketing e organização, vejamos:
PRODUTOS: envolve a introdução de um novo produto, mais moderno, com design diferenciado, com uma nova tecnologia ou melhor desempenho.
Pode envolver a criação de novos produtos que diferem significativamente em suas características ou usos previstos dos produtos previamente produzidos pela empresa. Os primeiros microprocessadores e câmeras digitais foram exemplos de novos produtos usando novas tecnologias.
Já desenvolvimento de um novo uso para um produto com apenas algumas pequenas modificações para suas especificações técnicas também é uma inovação de produto.
E os melhoramentos significativos para produtos existentes podem ocorrer por meio de mudanças em materiais, componentes e outras características que aprimoram seu desempenho.
Exemplo: A introdução dos freios ABS e dos sistemas de navegação GPS (Global Positioning System), são exemplos de inovações de produto.
SERVIÇOS: está relacionado a uma nova atividade intangível para cliente, consegue proporcionar novas formas de agregar valor através de uma maior conveniência, agilidade, conforto e novas sensações e percepções positivas. O desafio das empresas de serviços é encantar o cliente com algo novo.
Exemplo: a Uber além de promover uma forma nova de se locomover, também agregou diversos outros serviços de acordo com a demanda dos clientes como a Uber Eats (entrega de comida), Uber Pool (compartilhar viagens), e Uber Black (carros de luxo). Também são exemplos a melhoria dos serviços bancários (como o Nubank) e serviços de compartilhamento de casas como o Airbnb.
PROCESSOS: relaciona-se a uma melhoria considerável na forma como o processo é realizado ou pode ser também o descarte da forma de processo anterior e a adoção de um novo processo.
Esse tipo de inovação pode envolver mudanças substanciais nos equipamentos e nos softwares utilizados em empresas orientadas para serviços ou nos procedimentos e nas técnicas que são empregados para os serviços de distribuição. O foco desse tipo de inovação é o ganho da escala, maior produtividade, menos utilização de recursos como insumos, energia e mão de obra, basicamente fazer mais com menos.
As inovações de processo também abarcam técnicas, equipamentos e softwares especialistas ou substancialmente melhoradas em atividades auxiliares de suporte, como compras, contabilidade, computação e manutenção.
Exemplo: Henry Ford inovou em processo com sua linha de produção e implementou máquinas e esteiras aliados aos princípios Tayloristas como padronização, divisão e simplificação do trabalho. O desenvolvimento de novas técnicas de gerenciamento de projetos mais ágeis e centrados no usuário, em empresas de consultoria também pode ser considerado uma inovação em processos.
MARKETING: envolve a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.
O foco dessas inovações é voltado para melhor atender as demandas dos consumidores, abrir novos mercados ou mesmo reposicionar o produto a fim de aumentar as vendas.
Para ser efetivamente uma inovação de marketing, é necessária a implementação de método de marketing que não tenha sido utilizado previamente pela empresa.
Mudanças sazonais ou rotineiras nos métodos de marketing geralmente não são inovações de marketing. Para que tais mudanças configurem inovações de marketing, elas devem envolver métodos de marketing não utilizados previamente pela empresa.
Exemplo: é a introdução de salas de exposição de móveis, redesenhadas de acordo com temas, o que permite aos consumidores visualizar os produtos em salas plenamente decoradas.
ORGANIZACIONAL: envolve a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.
Inovações organizacionais podem visar a melhoria do desempenho de uma empresa por meio da redução de custos administrativos ou de custos de transação, estimulando a satisfação no local de trabalho ou reduzindo os custos de suprimentos.
O que difere a inovação organizacional de mudanças organizacionais, é a implementação de um método organizacional (em práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas) que não tenha sido usado anteriormente na empresa e que seja o resultado de decisões estratégicas tomadas pela gerência.
As inovações organizacionais em práticas de negócios estão relacionado aos novos métodos para a organização de rotinas e procedimentos para a condução do trabalho. Alguns exemplos: implementação de práticas para o desenvolvimento de funcionários como os sistemas de educação e treinamento ou mesmo a implementação de práticas para a codificação do conhecimento a fim de tornar as melhores práticas, lições e conhecimentos de forma mais acessível a todos.
Já as inovações na organização do local de trabalho são por exemplo, a implementação de um modelo organizacional que dá aos funcionários uma maior autonomia na tomada de decisões e que os encoraja a contribuir com novas ideias. Exemplo: Introduzir um documento escrito sobre uma estratégia para melhorar o uso eficiente de conhecimentos da empresa não é, por si só, uma inovação. A inovação vai ocorrer quando essa estratégia for implementada através de novos softwares e boas práticas para documentar informações e compartilhar conhecimento entre as diversas áreas. Conheça a Plataforma ESA!
Por fim, fica claro que para a empresa ser considerada inovadora, ela precisa de fato IMPLEMENTAR a inovação. O produto novo ou melhorado é implementado quando é introduzido no mercado, métodos de marketing e métodos organizacionais são implementados quando eles são efetivamente utilizados nas operações da empresa.
Se você quer saber mais sobre Inovação, assista o episódio #34 do nosso canal de podcast, o Dezpadronize, com Cristina Leonhardt.
Tem mais dicas sobre no episódio #44 Estratégica Jurídica para Inovação com Mabel Alvarado.
Você está pronto para inovar?
Escrito por: Juliana Moura Pires.
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